terça-feira, 9 de setembro de 2014

Arawn e o Annwn ou Annwfn (O Outro Mundo)

O Annwfn ou Annwn

Fonte da foto:http://ci-annwn.deviantart.com/art/The-Fairy-Steps-at-Arnside-285028652


Annwn (também escrito Annwfn ou Annwvyn, no Galês médio Annwvn, Annwyn, Annwyfn ou Annwfyn) é o outro mundo na mitologia galesa que compões o vasto mundo da mitologia celta. Governado por Arawn (ou, na literatura arturiana, por Gwyn ap Nudd), era essencialmente um mundo de delícias e eterna juventude, onde a doença estava ausente e comida era sempre abundante. Ele tornou-se identificado com a vida após a morte cristã no paraíso (ou céu). Aparenta ser essa a melhor descrição para definir esse mundo, é dito que Annwn está localizado tão a oeste que nem mesmo Manawydan fab Llŷr o encontrou, e que lá somente se pode chegar morrendo, mas, também foi dito que no Annwn pode-se admitir pessoas ainda vivas, desde que elas encontrem a sua porta.


Localização


Em ambas a mitologias tanto a galesa quanto a irlandesa, o Outro mundo estaria localizado em uma ilha ou debaixo da terra. No primeiro ramo do Mabinogi, fica implícito que o Annwn é uma terra próximo e abaixo de Dyfed, enquanto no contexto do poema arturiano Preiddeu Annwfn nos sugere um local como uma ilha. Duas outras indicações sobrenaturais que ocorrem na segunda parte do Mabinogi estão localizados em Harlech no noroeste do País de Gales e na ilha de Grassholm no sudoeste Pembrokeshire.


Etimologia

Fontes do galês médio sugerem que o termo foi reconhecido como significando "muito profundo" nos tempos medievais. O aparecimento de uma forma antumnos antigo gaulês parece se assimilar a pequena maldição, no entanto, sugere que o termo original pode ter sido *ande-dubnos, uma palavra Galo-Britônica comum que, literalmente, significa "submundo". A pronúncia no galês moderno de Annwn é [anːʊn].

Para falantes do português a uma "transcrição" mais simples para os nomes seria:

- Annwn - Anun
Annwfn - Anuvn
Annwvyn - Anuvîn
- Arawn - Araun


História do Annwn e o aparecimento de Arawn






O Annwn desempenha um papel razoavelmente importante nos quatro ramos da "Mabinogion". No primeiro ramo do "Mabinogion", intitulado Pwyll, Príncipe de Dyfed (Pwyll Pendefig Dyfed), o príncipe homônimo ofende Arawn, governante de Annwn, por afugentar seus cães de caça de um cervo que os cães de Arawn tinha trazido ao chão. Como acordo pela ofensa, ele troca de lugar com Arawn por um ano e derrota o inimigo de Arawn, Hafgan, enquanto reina Arawn em seu lugar em Dyfed. Durante este ano, Pwyll se abstém de dormir com a esposa de Arawn, ganhando gratidão e amizade eterna de Arawn. Em seu retorno, Pwyll torna-se conhecido pelo título Penn Annwn, "Cabeça (ou Régua) de Annwn." No Quarta ramo do "Mabinogion", Arawn é mencionado mas não aparece; é revelado que ele enviou um presente de porcos do outro mundo como um presente para o filho de Pwyll e sucessor, Pryderi, o que acaba por conduzir a guerra entre Dyfed e Gwynedd. A memória de Arawn é mantido em um ditado tradicional encontrado em um antigo conto popular Cardigan:

"Hir yw'r dydd a hir yw'r nos, a hir yw aros Arawn" - "Longo é o dia e longa é a noite, e longo é o tempo de espera de Arawn"


Segue trecho do primeiro ramo do Mabinogion, tradução nossa:

"Pwyll, príncipe de Dyvet  era senhor dos sete cantrefs de Dyvet. Um dia se encontrava em Arberth, sua corte principal, e sentiu desejos de ir à caça, e foi  o domínio de Glynn Cuch que escolheu para tal atividade. Aquela mesma noite partiu de Arberth e chegou a Llwyn Diarwya, onde passou a noite. No dia seguinte se levantou na juventude do dia e chegou a Glynn Cuch para soltar os seus cães no bosque. Tocou o corno, e começou a caça com grande tumulto, se laçou logo atrás de seus cães e com tanto entusiasmo perdeu-se de seus companheiros. Dedicando os ouvidos aos latidos de seus cães, ouviu os latidos de outra matilha, mas seus latidos não eram os mesmos do que os daquela matilha avançava ao encontro da sua. E pode ver uma certa claridade no bosque, e quando sua matilha apareceu nos limites do ocorrido, viu um cervo que era perseguido pela outra matilha. Chegou a centro do acontecimento quando a matilha que o perseguia, o alcançou e derrubou o cervo. Pwyll contemplava as cores daqueles cães sem recorda-se do cervo, e de todos os cães que já havia visto no mundo, jamais havia visto cães daquela cor. Eram de cor branca reluzente e lustrosa, e suas orelhas eram vermelhas; e como era resplandecente a brancura dos cães, assim, também resplandecia o extraordinário vermelho de suas orelhas. Pwyll avançou até o cães e afugentou a matilha que havia matado o cervo e atiçou aos seus cães a presa. E naquele momento viu vir detrás da matilha um cavaleiro montado em um grande cavalo sinza como aço, que usava uma vestimenta de lã cinza e um corno de caça em torno da cintura.

O cavaleiro se adiantou até ele e falou assim:

- Príncipe, sei quem és, e não te cumprimentei.
- Possivelmente possui uma posição que o permita faze-lo - respondeu Pwyll
Com toda segurança não é a eminência de meu título que me impede.
- Então, o que é senhor?
- Para deus e para mim, sua ignorância e sua falta de cortesia.
- Que falta de cortesia notou em mim, senhor?
- Jamais havia vista ninguém cometer uma maior, qual a sua de afugentar a uma matilha que havia matado um cervo e atiçar a sua para a presa. Isso é falta de cortesia e, apesar de tudo, não me vingarei; por mim e por Deus, causarei desonra pelo valor de mais cem cervos.
- Se te prejudiquei, ganharei tua amizade.
- De que modo?
- Dependendo da sua posição, mas não sei quem você é.
- Eu fui coroado rei em meu páis de origem.
- Senhor, seja bem-vindo! E que país seria?
- De Annwvyn, sou Arawn, rei de Annuwvyn.
- E de que modo, senhor, conquistaria a sua amizade?
- Deste: Hafgan, rei de Annwvyn, cujo, domínios se encontram frente aos meus, me declarou guerra contínua. Se me libertar dessa calamidade, e você poderá fazê-lo facilmente, conquistará sem esforço minha amizade."



Logo, pode-se perceber que há possibilidades dos vivos vagarem no outro mundo e vice-versa.

Outras aparições




Em um poema épico mitológico semelhante Cad Goddeu descreve uma batalha entre Gwynedd e as forças de Annwn, liderado novamente por Arawn. É revelado que Amaethon, sobrinho de Math, rei de Gwynedd, roubou uma cadela,uma abibe (uma ave) e uma corça do Outro Mundo, levando a uma guerra entre os dois povos. Os habitantes de Annwn são retratados como criaturas bizarras e infernais; Estes incluem uma besta "wide-mawed" (não consegui traduzir bem essa parte) com uma centena de cabeças e tendo um hospedeiro abaixo da raiz de sua língua e outra sob seu pescoço, um sapo de cem garras negras de enterra-las, e uma "serpente ondulada malhada, com mil almas, por seus pecados, torturados nos poros de sua carne ". Gwydion, o herói Venedotiano (Norte de Galês) e mágico derrota com sucesso o exército de Arawn, primeiro por encantar as árvores para se levantar e lutar e em seguida, adivinhando o nome do herói inimigo Bran, assim ganhando a batalha.

Preiddeu Annwfn, um poema medieval encontrada no Livro de Taliesin, descreve uma viagem liderada por Arthur para os vários reinos sobrenaturais dentro de Annwn, seja para resgatar o prisioneiro Gweir ou para recuperar o caldeirão do Lider do Annwn. O narrador do poema é, possivelmente, o próprio Taliesin. Uma linha de leitura pode ser interpretada de como o reconhecimento que ele recebeu, o dom da poesia ou da oratória a partir de um caldeirão mágico, como Taliesin faz em outros textos, e o nome de Taliesin está ligado a uma história semelhante em outros textos. O narrador relata como ele viajou com Arthur e três carregamentos ou  carruagens de homens até o Annwfn, mas apenas sete pessoas retornaram. Annwfn é, aparentemente, referido por vários nomes, incluindo "Fortaleza do Monte", "Fortaleza dos quatro picos" e "Fortaleza de vidro", embora o poeta tenha destina as esse lugares como lugares distintos. Dentro das parede da Fortaleza do Monte, Gweir, um dos "três prisioneiros exaltados da Grã-Bretanha" conhecido das tríades galesas, é aprisionado em correntes. O narrador então descreve o caldeirão do lider do Annwn: "ele tem o acabamento em pérolas e não vai ferver comida para alimentar um covarde. Seja qual for a tragédia acabou matando a quase todos, porém há sete destes que não possuem seus destinos esclarecidos. O poema continua com uma escoriação de "homenzinhos" e monges, que não há em diversas formas de conhecimento possuído pelo poeta.

Folclore



No folclore galês, o Cŵn Annwn ou "Cães do Annwn" passeiam pelo céu no outono, inverno e início da primavera. O latido dos cães foram identificados como o choro de gansos selvagens que migram e as presas dos cães como espíritos errantes, sendo perseguidos para Annwn. No entanto, o próprio Arawn não é referido nestas tradições. Mais tarde, o mito foi cristianizado para descrever a "captura de almas humanas e a perseguição de almas condenadas para o Annwn", e o Annwn foi igualado com o "Inferno" da tradição cristã. 



Um detalhe

Com esse texto tento dar um mínimo de acesso ao conhecimento do que seria o outro mundo para os galeses, espero poder auxiliar alguns e espero ajuda de outros, porque, realmente é muito difícil explorar melhor esse tema. Gostaria de opiniões e auxilo, para as vezes, aumentar esse post. Desculpa qualquer tradução mal feita, tentei ao máximo fazê-las bem

Saudações a todos.


Referências bibliográfica


- Sims-Williams, Patrick. (1990). "Some Celtic otherworld terms". Celtic Language, Celtic Culture: a Festschrift for Eric P. Hamp, ed. Ann T. E. Matonis and Daniel F. Mela, pp. 57–84. Van Nuys, Ca.: Ford & Bailie.


- Lambert, Pierre-Yves. (2003). La langue gauloise: description linguistique, commentaire d’inscriptions choisies. Paris: Errance. 2nd ed.


- Cirlot Valenzuela, M. Victoria tr. (1982). Mabinogion: relatos galeses. Madrid: Editora Nacional. ISBN 84-276-0575-7.

- Mac Cana, Proinsias. (1983). Celtic Mythology (Library of the World's Myths and Legends). Littlehampton Book Services Ltd.

- http://www.almargen.com.ar/sitio/seccion/cultura/sabarb4/


- http://www.maryjones.us/ctexts/t08w.html


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- Morgan, Gerald (2005) "A Scholar of Early Britain: Rachel Bromwich (1915– )". In Chance,
- Jane, Women Medievalists and the Academypp. 769–781. University of Wisconsin Press. ISBN 0-299-20750-1.