terça-feira, 9 de julho de 2013

Porque "Nemeton Ataecina"? Quem foi/é Ataecina?



Saudações!



Bem vindos todos, creio que não adianta inaugurar um blog para expandir conhecimentos, fronteiras como também para agregar pessoas sem explicações para o nome do mesmo.

Porquê "Nementon Ataecina"?

Usei "Nemeton Ataecina" como um nome de referência do blog para ressaltar desde já a que assuntos serão publicados aqui. "Unanimemente, nemeton é sem dúvida a palavra que era usada para definer espaços deixados de lado para adoração, nas subculturas Celtas.
Tem origem no Proto-Céltico *nemeto- ,que por sua vez originou o Galo-Britónico nemeton (plural: nemetā),o Bretão Antigo nimet ,o Irlandês Antigo nemed e Galês Antigo nivet (Marcílio Silva propôs o Celtibérico nemetom and Calleaco nemidom)"¹. Ataecina como Endovélico e Trebaruna são o resquício ou sobras do que pode-se chamar de deuses da Lusitânia ou melhor dizendo dos Celtibéricos, que pelo próprio nome já denuncia os Celtas da Península Ibérica. Eles são as maiores representações de deidades pré românicas desta região, que perduraram por algum tempo mesmo com a invasão românica. 
Escolhi uma deusa celtibérica porque muitos como eu têm alguma descendência portuguesa no Brasil, o celtas mais próximos de nós são estes que suas tribos deram nomes a cidades, rios, e sobrenomes a vários de nós. Uma tribo celta os Lusitanos inspirou o nome da civilização portuguesa e o título de uma obra "Os Lusíadas" de Camões.

Ataecina era representada por uma cabra, e como outros deuses celtas tinham animais que os representavam, acreditam que Endovélico tinha o javali, e outros deuses celtas em outras regiões possuíam com certeza animas que os representavam.

Inscrição sobre Trebaruna:



Inscrição e representação de Endovélico:



Inscrição e representações de Ataecina:






Vou tentar aqui na medida do possível publicar tudo que envolva os celtas, cultura, língua, arte, herança, religião, literatura e etc. Quando científicas e baseadas em artigos, trabalhos acadêmicos e pesquisas indicarei as fontes ,e separadamente avisarei quando estarei falando do que hoje levo como estilo de vida, o Neo-Druidismo, e tudo que pertence ao mesmo. Sou ligado a OBOD - Ordem dos Bardo, Ovates e Druidas, e me envolvo em projetos de estudo da língua e literatura galesa medieval.

Quem foi/é Ataecina?


Se existe uma divindade da Lusitânia que, sendo quase estrangeira ao território português, pela sua parca presença de vestígios arqueológicos e, simultaneamente, tenha provocado uma grande afeição entre os que, de entre nós, procuram pelo caminho do reconstrucionismo étnico ressuscitar o seu antigo gentilismo, será sem dúvida Ataecina. Apenas foi encontrada uma ara fiável dedicada a Ataecina no espaço territorial português (ref: CIL II 71; IRCP 287), precisamente em Quintos, Beja, quase na fronteira com Espanha, sendo muito pouco para tão grande barulhenta devoção e veneração. Contudo, existem muitos autores, talvez mais inspirados pelo patriotismo do que pela objectividade científica, que têm atribuído a várias aras encontradas em Portugal onde existe o seu epíteto Dea Sancta, também propriedade de outras divindades da Península, uma ligação directa ao culto a Ataecina! Esta adesão sentimental a Ataecina só é explicável porque ela tem um Mistério à sua volta que não deixa de ter relação com aquilo que se sabe ser o traço de carácter da alma portuguesa gentílica: ser, segundo Leite de Vasconcelos, uma Deusa simultaneamente Agrária e Infernal. Assimilada algumas vezes a Proserpina pela epigrafia e interpretação extensiva das aras espanholas, ela adequa-se bem à ideia de que os povos portugueses teriam melhor vizinhança com os Mortos e seus Deuses do que com os Deuses diurnos e celestes, dispensadores da luz. Parece que para o português a Luz, tal como no rio Lucefecit, vem das profundezas do Submundo. Por isso, mesmo em pleno Verão, as suas romarias são mais sumptuosas pelas noites iluminadas de lantejoulas, candeias, balões e arcos festivos, do que pela luminosidade solar, directa e concreta. A noite é propícia ao lúdico, festivo e sagrado, tudo isso indissociável do verdadeiro sentir religioso no antigo português, enquanto o dia lembra o martírio do trabalho sol a sol.

Gilberto de Lascariz, em Deuses e Rituais Iniciáticos da Antiga Lusitânia.²


Referências bibliográficas:

http://www.4shared.com/office/WndPmA6R/ataecina-0.html (Texto retirado da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes sobre Ataecina)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lusitanos (Um artigo bem escrito no Wikipédia)

2 comentários: