As mulheres Celtas
As Mulheres celtas eram distintas no mundo antigo pela
liberdade, pelos direitos dos quais gozavam e a posição que detinham na
sociedade. Comparando-as em contrapartida com os gregos, romanos e outros povos
antigos, elas tinham bastantes liberdades de atividades e leis que as
protegiam. É importante citar que na Idade do Ferro os celtas eram um povo
patriarcal e a maior parte dos homens tinha o poder supremo na política e no
lar. Apesar disso, as mulheres celtas antigas continuam a ser um exemplo
inspirador de feminilidade do passado.
Impressões dos autores clássicos dizem muito sobre quão diferentes eram as mulheres celtas das mulheres com as quais os escritores estavam familiarizados. Diodoro da Sicília descreve as mulheres gaulesas como sendo "quase tão altas quanto os homens, e rivais na coragem". Amiano Marcelino faz uma descrição mais exaltada: "... um grupo inteiro de invasores não serão capazes de lidar com um [Gaul] em uma luta, caso chame sua esposa, ainda mais forte do que ele, com os olhos brilhando... quando ela incha seu pescoço e range seus dentes, equilibrando seus enormes braços brancos, começa a chover golpes que se misturam com chutes, como tiros lançados pelas cordas torcidas de uma catapulta". Embora exageradas as palavras de Marcelino, elas evocam umas imagens de mulheres formidáveis entre os antigos celtas.
Impressões dos autores clássicos dizem muito sobre quão diferentes eram as mulheres celtas das mulheres com as quais os escritores estavam familiarizados. Diodoro da Sicília descreve as mulheres gaulesas como sendo "quase tão altas quanto os homens, e rivais na coragem". Amiano Marcelino faz uma descrição mais exaltada: "... um grupo inteiro de invasores não serão capazes de lidar com um [Gaul] em uma luta, caso chame sua esposa, ainda mais forte do que ele, com os olhos brilhando... quando ela incha seu pescoço e range seus dentes, equilibrando seus enormes braços brancos, começa a chover golpes que se misturam com chutes, como tiros lançados pelas cordas torcidas de uma catapulta". Embora exageradas as palavras de Marcelino, elas evocam umas imagens de mulheres formidáveis entre os antigos celtas.
Mulheres guerreiras e Rainhas celtas da antiguidade
As mulheres celtas da antiguidade atuaram tanto como
guerreiras quanto governantes. Podiam aparecer tantas garotas como de garotos
para lutar com espadas e outras armas. Uma das escolas de formação mais
proeminentes na mitologia gaélica foi criada e guiada por Scathach
(pronuncia-se "sca-hrah" ou "Scaía"), uma mulher guerreira
que tem origem em uma região da hoje conhecida como Escócia. Ela treinou o maior
herói da lenda irlandesa, Cúchulainn (pronuncia-se "coo-quesco-in" ou
"coo-khull-in", com o "KH", como no lago escocês), o mais famoso de seus pupilos, logo após de seu longo treino, ele passou a lutar
contra exércitos inteiros sozinho e a executar outros grandes feitos. A rival
feminina de Scathach, Aife (ou Aoife), foi considerada uma das mais ferozes
guerreiras vivas. Cada uma dessas mulheres possuíam um exército.
A prática de portar armas era relativamente comum entre as mulheres. Foram registradas mulheres que haviam tomado parte na batalha final contra Caio Suetônio Paulino, quando ele avançou sobre a fortaleza druida na ilha de Mona (atual Anglesey), localizada no atual País de Gales. Neste caso, elas parecem ter feito grande uso de táticas psicológicas, como gritar, dançar loucamente, e puxavam seus rostos, assustando os romanos o suficiente para mantê-los fora por um tempo.
A prática de portar armas era relativamente comum entre as mulheres. Foram registradas mulheres que haviam tomado parte na batalha final contra Caio Suetônio Paulino, quando ele avançou sobre a fortaleza druida na ilha de Mona (atual Anglesey), localizada no atual País de Gales. Neste caso, elas parecem ter feito grande uso de táticas psicológicas, como gritar, dançar loucamente, e puxavam seus rostos, assustando os romanos o suficiente para mantê-los fora por um tempo.
Estátua de Boudicca
Os romanos não levaram a sério a ideia de uma mulher no governo e procuraram tirar proveito dessa situação, eles acreditavam que essa poderia ser uma das fraquezas dos Iceni. Catus Decianus, o romano encarregado de recolher parte da herança de Roma, insultou os Iceni através de uma série de atos horríveis. Ele ordenou que suas tropas saqueassem os bens dos Iceni, chicoteou Boudicca em público, e ordenou que estuprassem as filhas de Boudicca repetidamente. Boudicca respondeu liderando uma revolta das forças de seu povo e a de várias outras tribos que tinham um ressentimento crescente com os romanos invasores. Os celtas rebeldes conseguiram assolar o centro administrativo romano de Londinium (Londres moderna) e saquearam duas outras cidades romanas antes de serem derrotados.
A capacidade de Boudicca de unir o seu povo em revolta era notável considerando uma propensão céltica, que era desestabilizadora, pois, sempre tentavam ganhar glória individual, um fator precipitante e consistente quando pensamos na queda da Europa céltica para a expansão romana. Apesar da força unificadora da liderança de Boudicca, a revolta foi de curta duração, e Boudicca morreu também no seu final, talvez por suas próprias mãos, a fim de evitar a captura.
(Pintrest)
A rainha Cartimandua foi outra notável líder feminina celta
da Idade do Ferro. Ela governou os Brigantes, uma tribo do norte da
Grã-Bretanha. Uma contemporânea de Boudicca, Cartimandua é lembrada mais como
uma traidora do que como uma heroína por sua traição a Caradoc, o líder da
resistência céltica do Oeste. Quando Caradoc veio a sua
ajuda, Cartimandua agarrou-o e, posteriormente, o entregou em correntes
para os romanos. Ela provavelmente fez isso por razões de conveniência
política, na tentativa de manter o poder através do apoio de Roma.
Maeve
Na Irlanda, houve uma governante feminina como bem sabemos,
Medb (ou Maeve), rainha de Connaught. Ela é mais lembrada por seu papel no “Táin
Bó Cúailnge” (o ataque ao gado de Cooley). Medb, determinada a provar-se igual
ao seu marido, liderou uma invasão ao reino de Ulster com a finalidade de
alcançar um touro do mesmo valor que um animal que seu marido possuía. Embora
ela tenha capturado o touro, acabou sendo frustrada por Cúchulainn e os animais
escaparam. Medb pode ser uma figura odiosa nesta lenda, mas ela fornece um
exemplo da Idade do Ferro de uma potente governante mulher celta. Sua
autoridade era absoluta e sua palavra era regra, prevalecendo até mesmo sobre a
de seu marido.
Papel da Mulher na Vida Pública
Embora a vida pública na Idade do Ferro Celta tenha sido em
grande parte dominada pelos homens, as mulheres conseguiram desempenhar um
papel proeminente também. Elas não parecem ter sido sistematicamente excluídas
de qualquer ocupação. As mulheres poderiam se tornar druidas, incluindo
sacerdotisas, poetas e curandeiras. Elas poderiam realizar negócios sem o
consentimento ou o envolvimento de seus maridos. Elas poderiam servir como
diplomatas; na verdade, uma mulher agiu como uma embaixadora no estabelecimento
do tratado entre o general cartaginês Hannibal e o governante celta da tribo
dos Volcas durante uma marcha contra Roma. Plutarco escreveu no século II que
havia uma tradição de longa data, entre os celtas, das mulheres que atuavam
como mediadoras ou juízas em disputas políticas e militares. Elas também eram conhecidas
por ter desempenhado um papel de mediação similar em suas próprias assembleias
tribais.
Casamento e os direitos da mulher dentro da lei
Dentro do casamento, as mulheres foram autorizadas a possuir e herdar bens de forma independente. As mulheres casadas poderiam ter casos legais (amantes), sem o consentimento de seus maridos. A independência econômica das mulheres oferecia-lhes proteção em caso de divórcio ou morte do marido: uma situação muito diferente do que a das mulheres clássicas.
O divórcio era uma questão relativamente simples e podia ser
solicitada por qualquer uma das partes. O historiador Jean Markale explica que
isso foi porque o "casamento celta era essencialmente contratual, social,
e não completamente religioso, mas sim com base na liberdade do homem e da
mulher". Na Irlanda e na Escócia, existiam casamentos experimentais ao
longo de todo o ano que poderiam ser dissolvidos se provassem que o mesmo era
inviável. As mulheres divorciadas não eram desprezadas e foram sempre livres
para se casar novamente. Os antigos celtas eram celtas polígamos e em determinadas
regiões na Escócia, de acordo com César, especificamente poliandros, ou seja,
as mulheres podiam ter vários maridos. Esta afirmação tem sido questionada,
mas, poliandras ou não, as mulheres na sociedade celta antiga formam claramente
um forte contraste com os seus contemporâneos em todo o mundo.
Tradução nossa*
Referências Bibliográficas
Ellis, P. B. (1994). The druids. Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company.
James, D. (Ed.). (1996). Celtic connections: the ancient Celts, their tradition and living legacy. London: Blandford Press.
James, S. (1993). The world of the Celts. London: Thames and Hudson.
King, J. (1998). Kingdoms of the Celts: a history and guide. London: Blandford Press.
Markale, J. (1986). Women of the Celts. (A. Mygind, C. Hauch, & P. Henry, Trans.). Rochester, Vermont: Inner Traditions International, Ltd. (Original work published 1972).
Matthews, J. (1988). Boadicea: warrior queen of the Celts. Dorset: Firebird Books.
Walkley, V. (1997). Celtic daily life. London: Robinson Publishing.
Wilde, L. W. (1997). Celtic women in legend, myth and history. New York: Sterling
Publishing Co., Inc.
Em breve tentarei postar sobre as leis matrimoniais.
Estava procurando sobre isso, esse texto tem um tom diferente das outras coisas que encontrei por aí, obrigada. :)
ResponderExcluir@Mimico eu procurei bastante, mas também postei todas referências bibliográfica para quem quiser se aprofundar, ainda quero fazer uma postagem sobre a legislação deles, inclusive sobre o casamento. Peço desculpas por qualquer erro de português pois não tive muito tempo para revisá-lo. Agradeço muito o comentário!
ExcluirSaudações.
Saudações,
ResponderExcluirTeria algum email que poderia enviar perguntas ou solicitar algo referente a cultura celta?
Gratidão
Olá tenho sim lucasmacaw@hotmail.com
ExcluirMuito bom.
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